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Descontrole glicêmico: perda de peso é alerta para a hiperglicemia

19 setembro 2016

Porque o descontrole glicêmico pode acarretar no emagrecimento não intencional

Atualmente milhares de pessoas estão na luta contra a balança, não somente pela questão estética, mas também porque o excesso de peso é um fator para o surgimento de diversas doenças. Na contramão dessa realidade existem também aqueles que, involuntariamente, emagrecem com facilidade. Ainda que essa condição pareça “sorte” para algumas pessoas, a perda de peso excessiva também é uma questão de saúde: quando o emagrecimento acontece sem razão aparente, sem que o indivíduo faça mudanças severas na dieta ou esforços físicos além do habitual, é preciso ficar alerta. O emagrecimento não-intencional seguido de alguns sintomas como sede em excesso, apetite exacerbado e desejo de urinar constante podem indicar que a glicemia está muito acima do normal. Esse quadro, além de representar um risco à saúde, é um dos principais indícios da diabetes descompensada. Por se tratar de uma doença silenciosa, esses sinais podem passar desapercebidos num primeiro momento e só despertar a preocupação dos que convivem com o problema quando os sintomas já estão críticos. É de suma importância que a hiperglicemia seja detectada e tratada, não somente para se recuperar o peso do paciente, mas também para garantir sua saúde, uma vez que este quadro pode levar à complicações severas no organismo.

Como ocorre a hiperglicemia?

Obtida através da metabolização dos alimentos, a glicose tem um papel substancial no organismo: é a principal fonte de energia rápida das células, funcionando como um combustível para que o corpo possa desenvolver suas funções normalmente. Porém, para que esse nutriente entre nas células é preciso que a insulina – um hormônio produzido pelo pâncreas – “sinalize” a presença da glicose, somente então é possível sua absorção e posterior transformação em energia. Porém, quando o organismo sofre alguma alteração nesse processo, as células não conseguem captar a glicose, resultando no acúmulo do açúcar circulante no sangue – a hiperglicemia. Tanto a ineficiência na produção de insulina (diabetes tipo 1) quanto à resistência ao hormônio (diabetes tipo 2) podem acarretar em episódios de hiperglicemia.

Ainda que um dos principais fatores para o surgimento da diabetes seja a dupla, obesidade e sedentarismo, isso não implica que somente pessoas acima do peso estejam sujeitas a doenças. Fatores genéticos, histórico familiar e, principalmente, o estilo de vida podem acarretar no desenvolvimento da disfunção metabólica mesmo em pessoas magras – e quando o indivíduo passa a perder peso de forma involuntária somada à sintomas como tontura, cansaço, fome e sede constantes, seguidos da necessidade de urinar frequente, é preciso ligar o alerta: esses sintomas podem ser sinal de que o indivíduo está com alta concentração de glicose na corrente sanguínea.

Porque acontece a perda de peso?

De acordo com a nutricionista Joanna Carollo da Nova Nutrii “Quando se trata da perda de peso relacionada à diabetes isso ocorre pois, sem energia, o organismo precisa recorrer à outras fontes como as reservas de gordura – levando a perda de peso não intencional “, ou seja, mesmo que o indivíduo continue se alimentando normalmente, ou até mais, e continuará perdendo peso devido à disfunção metabólica – “O indivíduo come mas a glicose não chega às células, devido ao baixo nível de insulina no organismo,  levando à uma série de sintomas relacionados ao aumento da glicose no sangue e à falta de energia.”

O apetite exacerbado é, inclusive, outra consequência da hiperglicemia: sem energia, o corpo acionará os mecanismos de fome, aumentando o desejo por alimentos especialmente ricos em glicose, como carboidratos simples. Contudo, este sintoma é também uma armadilha: se não houver um controle da glicemia e da dieta, a alimentação pode até mesmo agravar o problema, aumentando ainda mais a glicose circulante.

Além de sintomas como mal estar, fraqueza e enjoos pela falta de energia, o indivíduo com hiperglicemia passa a apresentar uma necessidade frequente de urinar – conhecida como poliúria. Isso ocorre pois o organismo precisa eliminar o excesso de glicose e passa a produzir mais urina afim de excretar o nutriente – esforço que, consequentemente, leva à desidratação. Logo, o indivíduo também passa a sentir uma sede intensa, denominada polidipsia.

Como evitar a hiperglicemia e recuperar o peso?

A perda de peso não intencional deve ser sempre investigada, especialmente quando acompanhada por sintomas relacionados à diabetes. Ainda que a princípio os sinais da hiperglicemia pareçam brandos, o grande risco por trás do diagnostico tardio é que o descontrole da glicemia acarrete em problemas renais, da visão, circulação, doenças cardíacas e leve, até mesmo, ao coma.

Para que identificar a razão por trás da perda de peso involuntária é fundamental o acompanhamento médico: quando decorrente da hiperglicemia, atestada por exames laboratoriais, o indivíduo deverá adotar um novo estilo de vida e novos hábitos alimentares afim de manter a glicemia sob controle. “Pacientes diabéticos devem seguir uma dieta específica, que permita o controle glicêmico – tanto para evitar os altos níveis de glicose quanto a queda brusca do nutriente na corrente sanguínea”. – explica Joanna. Algumas medidas serão indispensáveis para tal: “Além de eliminar o uso do açúcar, o paciente deverá incorporar hábitos como alimentar-se a cada 3 horas, ter um cardápio balanceado e saudável – preferencialmente livre de alimentos industrializados – controlar o consumo de carboidratos e dar preferência pelos integrais”.

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Porém, a nutricionista complementa que quando se trata da recuperação da perda de peso causada pelo diabetes, é preciso que a dieta contemple o estado nutricional do indivíduo “Neste caso, a alimentação deve ser reforçada com nutrientes que ajudem a recompor este peso – através de um cardápio específico, de acordo com o caso do paciente, ou até mesmo da suplementação é possível aumentar a oferta calórica e proteica e, ao mesmo tempo, fazer o controle glicêmico. Caso o profissional prescreva um tratamento medicamentoso específico, mesmo os cuidados alimentares e a suplementação, este não deve ser deixado de lado.” – explica Joanna. Não deve-se recorrer aos alimentos gordurosos ou carboidratos refinados afim de ganhar peso, justamente porque estes alimentos podem levar à novos episódios de hiperglicemia. Obviamente, o acompanhamento de um nutricionista é indispensável para que as mudanças necessárias no cardápio sejam identificadas e prescritas.

Fique alerta!

A diabetes é conhecida como uma doença silenciosa pois o indivíduo pode conviver por longos períodos sem ao menos desconfiar da doença, muitos, inclusive, só descobrem que possuem a disfunção metabólica quando os sintomas já estão críticos. Dados recentes da Sociedade Brasileira de Diabetes(SBD) estimam que dos cerca de 14 milhões de brasileiros diabéticos, metade não sabe que possui a doença.

Além de sintomas como a sede, fome, urina em excesso e a própria perda de peso involuntária, outros sinais podem indicar que o nível glicêmico está acima do normal: dores de cabeça, vômitos, sonolência, cansaço, visão turva, comichão e hálito cetônico (com cheiro adocicado, semelhante ao de uma fruta) também estão relacionados à hiperglicemia.

A adoção de um estilo de vida saudável, apoiado pela prática de exercícios e uma alimentação balanceada são as principais armas para o controle dos níveis de açúcar no sangue. Consultar-se regularmente com um médico e realizar exames periódicos também é uma forma de prevenir e manter adiabetes sobre controle. Seguindo os cuidados essenciais à risca, é totalmente possível ter qualidade de vida e conviver com a doença sem grandes complicações.